O Estúdio

O sonho era antigo. Guardado nas gavetas secretas dos meus projetos de vida. Um espaço para utilizar o teatro como ferramenta de autoconhecimento nas pessoas que não se encontram mais em si mesmas, e experimentar novas formas de criar algo completamente novo, saíndo da zona de conforto, afirmando sua individualidade e valorizando  a si mesmo.

Em 2011 surgiu o primeiro trabalho de pesquisa, o intensivo “O Ator e Sua Verdade”, onde a proposta era fazer o ator não “representar” e sim “apresentar”, primeiramente organizando e trabalhando suas emoções, para só então criar/recriar as emoções de um personagem. Anos de pesquisa e “experimentações” permitiram aos participantes (que acabaram não sendo mais somente atores e bailarinos) criarem algo completamente novo, saído inteiramente do seu interior, trabalhando e mostrando seus limites, percebendo depois de muito trabalho que a verdadeira harmonia nasce de dentro para fora. Calma e gradualmente.

Criar é necessariamente buscar alterar a ordem estabelecida, é buscar um outro real. Aí reside sua potência revolucionária. Primeiro é preciso dizer que no Estúdio de Pesquisa Teatral não temos como objetivo único formar artistas, mas antes, desenvolver pesquisas em Arte. O que queremos é nos envolver em processos de criação capazes de nos desafiar e alterar nossas possibilidades no mundo, “formando pessoas melhores” fortalecendo nossa identidade e resgatando nossa autoestima.

Cada ano, cada professor/pesquisador terá a liberdade de iniciar, continuar ou encerrar sua pesquisa na sua área de atuação, com o público alvo que lhe convém, dentro de um embasamento teórico, que será publicado na revista do estúdio anual, afinal toda pesquisa precisa chegar a um resultado (seja positivo ou negativo) pois a criação artística é a construção de um discurso que se constitui de ideias, materiais, linguagens e argumentos poéticos e a necessidade de expressá-las de algum modo. Cabe a quem cria descobrir, mesmo em meio a uma cidade caótica ou pequena, como Canela, uma potência que deflagre um processo de criação.

Queremos seres criadores e não apenas, consumidores.  Enfim, um espaço de diálogo, encontro e transformação.

Lisiane Berti

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