segunda-feira, 2 de maio de 2022
Um pouquinho da Oficina Criador que encerra em maio
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022
Depois de ter participado da reabertura do Teatro Municipal em Canela em outubro de 2021 com texto e atuação, vamos iniciar os cursos do Estúdio nele em março, depois de 6 anos fechado.
O curso CRIADOR é aberto a pessoas que já tenham alguma experiência teatral ou com palco. Serão 10 encontros de 2h30 cada, onde cada encontro vai seguir um foco de criação inspirado em grandes nomes do teatro como Jacques Copeau, Lecoq, Grotowski, Barba, Peter Brook, ...
Os encontros serão apenas na segunda-feira no Teatro Municipal em Canela. Para inscrições os interessados devem entrar em contato pelo telefone (54)98104.4404 ou pelo email contato@estudiodepesquisateatral.com.br
DEIXE A ARTE TE ENCONTRAR!!
quinta-feira, 10 de junho de 2021
Cursos de Inverno 2021
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Rodrigo: nosso elfo chocolateiro
Ele chegou quase sem ar, olhos arregalados, energia pesada, densa. Não deu tempo nem de cumprimentar ou respirar, já joguei ele no exercício que estávamos fazendo. Ele só trocou de roupa e entrou. Entrou com tudo, logo as lágrimas jorraram e os exercícios de bioenergética foi onde vi ele se desprender aos poucos daquilo que tudo que estava com ele, e olha, não era pouca coisa. Ao som de "vai na fé" lá foi ele fazer a sua cena, movimentos pensados, mas de repente, o elfo engraçado, aquele clown que ele tem e que falamos lá em 2019 dava as caras. A alegria ia tomando forma, mesmo tímida. Muitas ideias num corpo só. A mente do Rodrigo é ágil demais, e quando ele se expressa, muitas vezes tenho a impressão que não consegue dizer tudo e faz um esforço tremendo para se fazer entender. (minha leitura). Uma mente gigante que deve dar um trabalho pra ele gerir, acalmar pensamentos, ordenar ideias, colocar no papel tudo que cria, e sim, ele cria muito. Desde a energia que coloca no chocolate que fabrica, nos projetos que escreve, nas performances que desenvolve ou no som que balança os agitos noturnos.
Senti ele distante dos outros. Talvez em prece consigo. Nos momentos de estar com o grupo, ele sempre estava mais afastado, e olha que nem dormi no A Nova Terra, mas quando chegava via ele longe dos outros, nem o café com o grupo compartilhava. Mas como tenho meus surtos de individualidade como boa escorpiana que sou, respeito, não cobro e por vezes fui até ele e falei o que sentia. Ele me ouvia, ria ou chorava. Ali vinha o elfo. A magia toda está nele e ele sabe, mas ainda precisa exorcizar alguns demônios.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
Nossa fada ruiva: Amallia
A ruiva, que já foi minha aluna e foi um dos demônios do Auto da Barca do Inferno que montamos, chegou radiante. Aberta, disposta e vulnerável. Há um tempo ela fez algumas escolhas decisivas em sua vida, agora é terapeuta e tem escrito e publicado muitos videos sobre suas ideias e verdades. A cena individual dela foi algo estarrecedor. Costas largas, pesadas, segurando o peso do mundo. Aqui vi a fada presa. A fada cansada, a fada que não conseguia mais voar. A fada que mal conseguia com o peso das próprias asas, a fada que não conseguia mais ver beleza no próprio jardim. Choro. Soluço. Intervenho na cena de abraçar e afagar as costas. Fazer cena com as costas que diziam tanto. Ela estava triste e sua tristeza inundou a sala. As lágrimas saiam das costas e formavam poças imaginárias. Sentimos com ela o mal estar que vem do êxtase de não caber na vida dos dias. Quando nem o dormir ajuda.
No fim da cena, vemos o renascer das asas das borboletas, ou da fada, ou do que você quiser chamar. Ela se recusa a ser vencida. Levanta. Ela está viva, vai alçar mais um voo. Entrega. Como se ela arrancasse das costas, das suas profundezas as raízes desse sufocamento. Desse abafamento. A dor contida que ela nutriu, as feridas que abriu, sangraram uma a uma. Jorraram! A caminhada é longa, sofrida mas é vivida. Ser mestre de si mesmo é a mais difícil e dolorosa das Artes. É tão fácil falar do outro, "resolver"no outro, aconselhar o outro, usar metáforas no outro. Mas e a gente? E quando nos olhamos de verdade no espelho ou somos obrigados a fazê-lo? O que sobra dos cacos? Nos cortamos com os estilhaços? Convulsionamos? Caímos? Ficamos? Pedimos ajuda? Difícil pedir ajuda quando nem nós sabemos do que precisamos, não é? Mas tentar é o grande passo para a conquista. Amallia tenta e no outro dia nos brinca com uma cena consciente, usa seus movimentos, não convulsiona mas toda a sua verdade está ali, agora ócio criativo. Metamorfose linda de se ver e sentir.
Onde reside o segredo de uma imaginação que põe o ator em pé de igualdade com os tormentos do príncipe Hamlet ou com as desgraças de Édipo? Responde Goethe: "Se eu já não tivesse carregado o mundo em mim por pressentimento, com olhos abertos teria permanecido cego."
domingo, 14 de fevereiro de 2021
Um gigante não egoísta: Vini
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Com vocês, Jorge! Ho!Ho!Ho!
Veio para o intensivo logo que comecei a divulgar. Sempre muito falante, prestativo, amoroso e com referências de musicais ou clássicos. Devo dizer que no intensivo eu não facilitei a vida dele, apenas disse que ele conhecia o próprio corpo e sabia do limite, mas "não peguei leve". Avisei que não pegaria. E cá para nós, não é qualquer um que tem a honra da presença do Papai Noel no curso. Digo, o Jorge!
Na sua cena individual uma música de Abba. Ele nos conta porque escolheu a música. Fala muito. Corpo inerte. Intervenho. No outro dia, outro grata surpresa. Uma conversa honesta com o espelho, que ele comenta foi difícil de encarar. Ficamos surpresos com a verdade exposta. Jorge foi um bom conselheiro durante o intensivo para muitos. Vários comentaram comigo sobre como foi bom ter ele perto. Compartilhar ideias. Ele comenta que se viu em muitos. Nas dores latejantes, nas histórias, nas memórias. Riu e chorou com cada um. Logo que ele acabou a cena comentei que me "veio"ator de novela, vilão, no estilo de Lima Duarte, Jackson Antunes, entre outros grandes e talentosos que possuem uma interpretação precisa, acertada, peculiar eu diria. Já não era o nosso Papai Noel, era o Jorge, capaz de fazer muitos personagens, de mergulhar em contextos e atuações profundas, mas antes mergulhando em si mesmo. Nas dores guardadas, nos sapos que engoliu para seguir o que precisava. Nas escolhas que a vida lhe impôs e que nem sempre foram as que ele queria. Nas estradas que percorreu sozinho, sem rumo, pensando na vida ao som de alguma excelente música indo parar em lugares distintos. Esse é o Jorge, um espírito jovem num corpo mais vivido, mas não cansado. Por mais que as costas lhe torturem às vezes, eles insiste e resiste. Segue agora um novo sonho, se embrenhar no mundo das artes cênicas, experimentar ser e estudar a arte de ator. Ator de si mesmo. Quer melhor interpretação digna de Oscar?
Acredito que ele não tenha desejo mais ardente do que ter a vitalidade teatral, aquela que se manifesta nos jovens amigos com quem ele fez amizades e gosta de estar perto. Com esforço, ideias como o "Kafofo do Noel", esforços e realizações. Henry Becque saudou o Théâtre Libre: "Avante e passem por cima do nosso corpo."Avante, avante sempre! Ele comentou pós curso que ainda estava "doendo" muito tudo, mas ele voltaria em julho novamente. Te esperaremos de braços abertos.