segunda-feira, 2 de maio de 2022

Um pouquinho da Oficina Criador que encerra em maio

Fotos de Paula VInhas

Pietra Salgado

Guga Freitas, Ana Rita Calazans, Jonathan Hartz


Processos criativos

Criando de "dentro para fora"

Guga Freitas

Lohane Macedo

Claudio Emerson




Deixo as imagens que falam por si mesmas por hora.







 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022


 

Depois de ter participado da reabertura do Teatro Municipal em Canela em outubro de 2021 com texto e atuação, vamos iniciar os cursos do Estúdio nele em março, depois de 6 anos fechado.

O curso CRIADOR é aberto a pessoas que já tenham alguma experiência teatral ou com palco. Serão 10 encontros de 2h30 cada, onde cada encontro vai seguir um foco de criação inspirado em grandes nomes do teatro como Jacques Copeau, Lecoq, Grotowski, Barba, Peter Brook, ...

Os encontros serão apenas na segunda-feira no Teatro Municipal em Canela. Para inscrições os interessados devem entrar em contato pelo telefone (54)98104.4404 ou pelo email contato@estudiodepesquisateatral.com.br

DEIXE A ARTE TE ENCONTRAR!!



quinta-feira, 10 de junho de 2021

Cursos de Inverno 2021

 


1) Presencial:

Em julho vamos fazer pela primeira vez um intensivo no inverno. Isso mesmo? Em 12 anos será a primeira vez em julho, no Espaço a A Nova Terra.
O curso é uma vivência usando a dor como aliada, para atores e não atores que queiram trabalhar como material de criação a si mesmo, um mergulho profundo em si, de autoconhecimento. Suponho que você seja sensível, esteja cansada das batalhas diárias que a pandemia nos trouxe e o sufocamento interno. Mergulha conosco nesse intensivo que vai te ajudar, além de entender e liberar as emoções, utilizar o teatro como ferramenta para diversas criações, seja qual for a sua área profissional.



2) Online:

Voltado para atores e não atores, amantes das Artes Cênicas com interesse na História do Ator através dos tempos.

Os conteúdos serão:

Aula 1: O Ator Primitivo
Aula 2: O Ator na Grécia
Aula 3: O Ator em Roma
Aula 4: O Ator na Idade Média
Aula 5: O Ator no Renascimento
Aula 6: O Ator no Oriente

Dias e horários: segundas e quartas das 19h às 21h
Início: Julho de 2021
Número mínimo de alunos: 10 e máximo de 20
Plataforma: zoom
Valores: R$ 300,00 (todo o curso com certificado) ou R$ 50,00 a aula que queira participar sem certificado
Inscrições: contato@estudiodepesquisateatral.com.br

DEIXE A ARTE TE ENCONTRAR!!!



terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Rodrigo: nosso elfo chocolateiro

Sérgio Azevedo Fotos


Ele chegou atrasado. Perdeu a primeira noite do intensivo, achei que nem apareceria mais. Honestamente não sei se eu iria, não gosto das coisas pela metade. Mas o nosso "elfo" já havia feito o intensivo em 2019, que na época foi na D'arte Espaço Multicultural. Ele me procurou nos últimos dias de inscrição, me surpreendeu com a vontade de voltar a fazer, sendo que recentemente tinha passado pela experiência.

Ele chegou quase sem ar, olhos arregalados, energia pesada, densa. Não deu tempo nem de cumprimentar ou respirar, já joguei ele no exercício que estávamos fazendo. Ele só trocou de roupa e entrou. Entrou com tudo, logo as lágrimas jorraram e os exercícios de bioenergética foi onde vi ele se desprender aos poucos daquilo que tudo que estava com ele, e olha, não era pouca coisa.  Ao som de "vai na fé" lá foi ele fazer a sua cena, movimentos pensados, mas de repente, o elfo engraçado, aquele clown que ele tem e que falamos lá em 2019 dava as caras. A alegria ia tomando forma, mesmo tímida. Muitas ideias num corpo só. A mente do Rodrigo é ágil demais, e quando ele se expressa, muitas vezes tenho a impressão que não consegue dizer tudo e faz um esforço tremendo para se fazer entender. (minha leitura). Uma mente gigante que deve dar um trabalho pra ele gerir, acalmar pensamentos, ordenar ideias, colocar no papel tudo que cria, e sim, ele cria muito. Desde a energia que coloca no chocolate que fabrica, nos projetos que escreve, nas performances que desenvolve ou no som que balança os agitos noturnos.

Senti ele distante dos outros. Talvez em prece consigo. Nos momentos de estar com o grupo, ele sempre estava mais afastado, e olha que nem dormi no A Nova Terra, mas quando chegava via ele longe dos outros, nem o café com o grupo compartilhava. Mas como tenho meus surtos de individualidade como boa escorpiana que sou, respeito, não cobro e por vezes fui até ele e falei o que sentia. Ele me ouvia, ria ou chorava. Ali vinha o elfo. A magia toda está nele e ele sabe, mas ainda precisa exorcizar alguns demônios. 

A raiz do nome "elfo", alf, é a mesma de alvura, o que indica um caráter positivo. Criaturas mitológicas do folclore celta e escandinavo. Nem sempre aparecem bonzinhos. Rodrigo não tem orelhas pontudas, mas é "pequeno", poderia tranquilamente ser um elfo, mas como todos, nem sempre ele é bonzinho com ele. Nem sempre ele se cuida. Na maioria das vezes busca na Arte o antídoto. Ou no chocolate dos maias e astecas... Ou seja há nele essa mistura celta com povo andino. Rituais. Consagrações. Ele sabe, ele sente, ele estuda muito. Mas a vida não é uma lenda, a vida é dura, cobra, nos julga, nos maltrata, nos tece, nos fia dia a dia. E a gente vai se moldando e quando decidimos ir atrás da nossa essência vem os embates. Rodrigo está em um deles a meu ver. 


"Que o caminho seja brando a teus pés, que o vento sopre leve em teus ombros, que o sol brilhe cálido sobre tua face, as chuvas caiam serenas em teus campos, que as gotas das chuvas molhem suavemente teu rosto, que o vento suave refresque teu espírito, que o sol ilumine seu coração, que as tarefas do dia não sejam um peso nos teus ombros, que a estrada abra à sua frente, que o vento sopre levemente em suas costas, que a estrada abra à sua frente... e até que nos encontremos de novo, que os Deuses guardem você na palma das suas mãos."




Uma palavra para Rodrigo: "nandor" (os que dão meia volta) elfos de origem telerin

Com este depoimento encerro meus textos intuídos pós intensivo ator e sua verdade 2021 em plena pandemia. Nestes onze anos de curso não havia feito isso, de escrever sobre cada participante sobre o meu olhar "de fora". Talvez a "dor"minha velha amiga e aliada, que vi em cada um, tenha me instigado. 
Seguimos!

 Lisiane Berti

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Nossa fada ruiva: Amallia

 

Sérgio Azevedo Fotos


No dia 4 de janeiro de 2021, ela me enviou uma mensagem dizendo que infelizmente não ia poder fazer o intensivo (ela queria há muitos anos fazer e havia pré reservado sua vaga) porque precisava priorizar o financeiro.  Passou-se uns dias, escrevi a ela sobre uma possiblidade e ela então decidiu fazer. Uma outra mensagem emocionada, segundo ela, depois de chorar muito, conseguiu me escrever, tinha vivido muitas coisas nos últimos dias e estava muito grata, para ela era como um "sinal" de que estava no caminho certo e devia continuar. 

A ruiva, que já foi minha aluna e foi um dos demônios do Auto da Barca do Inferno que montamos, chegou radiante. Aberta, disposta e vulnerável. Há um tempo ela fez algumas escolhas decisivas em sua vida, agora é terapeuta e tem escrito e publicado muitos videos sobre suas ideias e verdades. A cena individual dela foi algo estarrecedor. Costas largas, pesadas, segurando o peso do mundo. Aqui vi a fada presa. A fada cansada, a fada que não conseguia mais voar.  A fada que mal conseguia com o peso das próprias asas, a fada que não conseguia mais ver beleza no próprio jardim. Choro. Soluço. Intervenho na cena de abraçar e afagar as costas. Fazer cena com as costas que diziam tanto. Ela estava triste e sua tristeza inundou a sala. As lágrimas saiam das costas e formavam poças imaginárias. Sentimos com ela o mal estar que vem do êxtase de não caber na vida dos dias. Quando nem o dormir ajuda. 

No fim da cena, vemos o renascer das asas das borboletas, ou da fada, ou do que você quiser chamar. Ela se recusa a ser vencida. Levanta. Ela está viva, vai alçar mais um voo. Entrega. Como se ela arrancasse das costas, das suas profundezas as raízes desse sufocamento. Desse abafamento. A dor contida que ela nutriu, as feridas que abriu, sangraram uma a uma. Jorraram! A caminhada é longa, sofrida mas é vivida. Ser mestre de si mesmo é a mais difícil e dolorosa das Artes. É tão fácil falar do outro, "resolver"no outro, aconselhar o outro, usar metáforas no outro. Mas e a gente? E quando nos olhamos de verdade no espelho ou somos obrigados a fazê-lo? O que sobra dos cacos? Nos cortamos com os estilhaços? Convulsionamos? Caímos? Ficamos? Pedimos ajuda? Difícil pedir ajuda quando nem nós sabemos do que precisamos, não é? Mas tentar é o grande passo para a conquista. Amallia tenta e no outro dia nos brinca com uma cena consciente, usa seus movimentos, não convulsiona mas toda a sua verdade está ali, agora ócio criativo. Metamorfose linda de se ver e sentir.

Onde reside o segredo de uma imaginação que põe o ator em pé de igualdade com os tormentos do príncipe Hamlet ou com as desgraças de Édipo? Responde Goethe: "Se eu já não tivesse carregado o mundo em mim por pressentimento, com olhos abertos teria permanecido cego."









Uma palavra para Amállia: existência


domingo, 14 de fevereiro de 2021

Um gigante não egoísta: Vini

 

Sérgio Azevedo Fotos

Depois de passar sete anos na casa de seu amigo Ogro, o Gigante descobre que crianças invadiram seu palacete para brincar em seu jardim. Ele expulsa as crianças de sua propriedade e constrói um muro que a separa do resto da cidade. Isolado e sozinho, o Gigante percebe que o inverno hospedou-se definitivamente em sua casa e que a primavera recusa-se a voltar ao seu jardim, agora eternamente coberto pelo gelo e pela neve. Porém a chegada de um menino que resolve brincar no jardim, apesar da sua proibição, traz de volta a primavera e faz com que o Gigante reconheça o quanto tinha sido egoísta.

Este é um trecho de um dos poucos contos escritos por Oscar Wilde para crianças. Eu tive o prazer de assistir uma versão para bonecos em Canela no Festival de Teatro de Bonecos o qual coordenei em 2017 com a Artesanal Cia de Teatro do RJ, numa adaptação incrível, super premiada. Mas o que o gigante ou isso tem a ver com o Vini?

Bom, eu conheci o Vini pequeno, creio que uns 8 a 10 anos na Escola das Artes em Gramado, isso há uns bons anos atrás. Já dei aula para as irmãs dele e trabalhei com a mãe dele. Quando ele entrou para o Korvatunturi eu já não era mais preparadora de elenco e viemos a nos encontrar na montagem do espetáculo para a Pizzaria Cara de Mau que fiz a preparação no finalzinho de 2020. O Vini cresceu, um corpo gigante e trabalhado que brinco que gostaria de escravizar sexualmente, mas continua com o olhar e o coração puro de menino, daquele mesmo fofinho que conheci em 2008 ou 2009 sei lá... Me vem a referência do conto do Oscar Wilde porque o gigante dele aprende sobre o passar do tempo e sobre a natureza cíclica das coisas com poesia e ludicidade. 

No intensivo ele foi um dos primeiros que se inscreveu, chegou quietinho com sua mecha branca no cabelo negro, com ar latino. Há muito fogo e energia naquele corpo, porém condensado, guardado, talvez até, atrapalhado. Sua cena foi entre soluços, movimentos e silêncio. Aquele silêncio perturbador... aquele silêncio que nos deixa inquieto. E o gigante desaba, chora, soluça, dança a própria dor. Deito ao lado dele e sussurro no seu ouvido. Ele responde baixinho, das suas dores e cansaços cotidianos, as insistências em acreditar em todos... 

"- Não é preciso ter pressa menino. Deixa o gigante que habita em ti acordar!" seria meu "conselho" a esta joia rara de pessoa. Desconfia do sucesso. Desconfia de quem te cobra perfeição, desconfia de ti que se cobra duramente e tanto, tanta coisa, todo dia. A imperfeição é a mais preciosa, a mais fecunda das qualidades. Não vá rápido demais. Não se apresse em concluir nada e em se cristalizar. Dê para si mesmo o tempo de preparar a terra, semear e de fecundá-la, trata de fazer com que se enraíze nessa terra alguma planta de germinação lenta, mas robusta como você mesmo. Seja você mesmo, não se molde, não seja tão adaptável a tudo.

Vini é daqueles seres preciosos que é sempre bom ter perto, ele não vai criar atrito, ele vai sentir muito, vai se entregar, talvez falará pouco mas sempre pensará muito a respeito de tudo. Espero que ele não perca o ideal que o fez procurar arte na infância, exercer uma Arte de coração livre e puro, com honestidade e sinceridade que está acima do próprio talento. E ele é muito talentoso, mesmo que às vezes duvide disso. Seu coração nobre é o seu maior tesouro e por vezes sofre dilaceradamente porque sempre se entrega com amor. Amar dói. Reconhecer a dor é um ato de amor. AMOR e DOR, andam juntos, mesmo que a gente não aceite, ou romantize isso de vez em quando. 

Por quê? Porque cada um se deixa corromper pela ambição pessoal e pela sua necessidade imediata. Difícil é paciência, continuidade, abnegação, trabalhar no próprio escuro da dor e construir lentamente algo. Vini está construindo... 












Uma palavra para Vini: autoamor


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Com vocês, Jorge! Ho!Ho!Ho!

Sérgio Azevedo Fotos


O Papai Noel, digo, o Jorge, tive o prazer de conhecer no curso de desinibição em 2020. Eu fui indicada a ele por amigos em comum para ele aperfeiçoar a comunicação já que havia feito alguns trabalhos como Papai Noel no Natal Luz em 2019 e havia gostado. Ex veterinário aposentado, ele tem descoberto na Arte e no atores mais jovens com quem convive uma energia renovadora. Segundo ele mesmo.

Veio para o intensivo logo que comecei a divulgar. Sempre muito falante, prestativo, amoroso e com referências de musicais ou clássicos. Devo dizer que no intensivo eu não facilitei a vida dele, apenas disse que ele conhecia o próprio corpo e sabia do limite, mas "não peguei leve". Avisei que não pegaria. E cá para nós, não é qualquer um que tem a honra da presença do Papai Noel no curso. Digo, o Jorge!

Na sua cena individual uma música de Abba. Ele nos conta porque escolheu a música. Fala muito. Corpo inerte. Intervenho. No outro dia, outro grata surpresa. Uma conversa honesta com o espelho, que ele comenta foi difícil de encarar.  Ficamos surpresos com a verdade exposta. Jorge foi um bom conselheiro durante o intensivo para muitos. Vários comentaram comigo sobre como foi bom ter ele perto. Compartilhar ideias. Ele comenta que se viu em muitos. Nas dores latejantes, nas histórias, nas memórias. Riu e chorou com cada um. Logo que ele acabou a cena comentei que me "veio"ator de novela, vilão, no estilo de Lima Duarte, Jackson Antunes, entre outros grandes e talentosos que possuem uma interpretação precisa, acertada, peculiar eu diria. Já não era o nosso Papai Noel, era o Jorge, capaz de fazer muitos personagens, de mergulhar em contextos e atuações profundas, mas antes mergulhando em si mesmo. Nas dores guardadas, nos sapos que engoliu para seguir o que precisava. Nas escolhas que a vida lhe impôs e que nem sempre foram as que ele queria. Nas estradas que percorreu sozinho, sem rumo, pensando na vida ao som de alguma excelente música indo parar em lugares distintos. Esse é o Jorge, um espírito jovem num corpo mais vivido, mas não cansado.  Por mais que as costas lhe torturem às vezes, eles insiste e resiste. Segue agora um novo sonho, se embrenhar no mundo das artes cênicas,  experimentar ser e estudar a arte de ator. Ator de si mesmo. Quer melhor interpretação digna de Oscar?

Acredito que ele não tenha desejo mais ardente do que ter a vitalidade teatral, aquela que se manifesta nos jovens amigos com quem ele fez amizades e gosta de estar perto. Com esforço, ideias como o "Kafofo do Noel", esforços e realizações. Henry Becque saudou o Théâtre Libre: "Avante e passem por cima do nosso corpo."Avante, avante sempre! Ele comentou pós curso que ainda estava "doendo" muito tudo, mas ele voltaria em julho novamente. Te esperaremos de braços abertos.




 

Nossa vez de escrever uma carta ao Papai Noel:

"Querido Noel Jorge, o caminho que escolheu, no qual tem se engajado tão corajosamente e tão alegremente, é um caminho verdadeiro.
Siga! Você se comportou bem, merece!" 


Uma palavra para Jorge: plenitude