Veio para o intensivo logo que comecei a divulgar. Sempre muito falante, prestativo, amoroso e com referências de musicais ou clássicos. Devo dizer que no intensivo eu não facilitei a vida dele, apenas disse que ele conhecia o próprio corpo e sabia do limite, mas "não peguei leve". Avisei que não pegaria. E cá para nós, não é qualquer um que tem a honra da presença do Papai Noel no curso. Digo, o Jorge!
Na sua cena individual uma música de Abba. Ele nos conta porque escolheu a música. Fala muito. Corpo inerte. Intervenho. No outro dia, outro grata surpresa. Uma conversa honesta com o espelho, que ele comenta foi difícil de encarar. Ficamos surpresos com a verdade exposta. Jorge foi um bom conselheiro durante o intensivo para muitos. Vários comentaram comigo sobre como foi bom ter ele perto. Compartilhar ideias. Ele comenta que se viu em muitos. Nas dores latejantes, nas histórias, nas memórias. Riu e chorou com cada um. Logo que ele acabou a cena comentei que me "veio"ator de novela, vilão, no estilo de Lima Duarte, Jackson Antunes, entre outros grandes e talentosos que possuem uma interpretação precisa, acertada, peculiar eu diria. Já não era o nosso Papai Noel, era o Jorge, capaz de fazer muitos personagens, de mergulhar em contextos e atuações profundas, mas antes mergulhando em si mesmo. Nas dores guardadas, nos sapos que engoliu para seguir o que precisava. Nas escolhas que a vida lhe impôs e que nem sempre foram as que ele queria. Nas estradas que percorreu sozinho, sem rumo, pensando na vida ao som de alguma excelente música indo parar em lugares distintos. Esse é o Jorge, um espírito jovem num corpo mais vivido, mas não cansado. Por mais que as costas lhe torturem às vezes, eles insiste e resiste. Segue agora um novo sonho, se embrenhar no mundo das artes cênicas, experimentar ser e estudar a arte de ator. Ator de si mesmo. Quer melhor interpretação digna de Oscar?
Acredito que ele não tenha desejo mais ardente do que ter a vitalidade teatral, aquela que se manifesta nos jovens amigos com quem ele fez amizades e gosta de estar perto. Com esforço, ideias como o "Kafofo do Noel", esforços e realizações. Henry Becque saudou o Théâtre Libre: "Avante e passem por cima do nosso corpo."Avante, avante sempre! Ele comentou pós curso que ainda estava "doendo" muito tudo, mas ele voltaria em julho novamente. Te esperaremos de braços abertos.
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